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quinta-feira, 26 de junho de 2014

Aquele do Ônibus

Vancouver é mesmo uma Torre de Babel. Em qualquer lugar que você esteja o Inglês não será a única língua a ser ouvida. E pra ser bem realista, muitas vezes eu sequer ouço Inglês, principalmente dentro do transporte público. Pretendo ainda tirar uma foto em algum ônibus com pessoas de diferentes nacionalidades pra vocês perceberem o que é esse multiculturalismo que nos cerca.
Por enquanto tudo o que consegui foi flagrar esse grupo de indianos. Tentei ser discreta o quanto pude, mas era difícil não chamar atenção em pé no ônibus, com um refrigerante de 2 litros na mão e uma pizza (hora do almoço rs). Quando vi a cena, logo me senti na Índia e parti pra capturar o melhor ângulo, tentando nem olhar para câmera e fingir que eu estava apenas trocando a bateria. Por algum motivo esses indianos mais velhos sempre ficam com os olhos fixos em todos ao redor deles. Portanto cada movimento meu foi previamente calculado, mas não tão discreto como imaginei. Tanto que só consegui a foto ideal faltando um ponto pra eu descer e quando chequei fiquei surpresa com a imagem que saiu; não é que eles "posaram" e até deram um sorriso pra foto? Simpáticos, não? Adorei!

Aquele do vestido bonito e o convite do Indiano


Adoro vestidos e finalmente posso usá-los, já que agora é verão em Vancouver!! Eba!!! Mas eu nunca imaginei que esse vestido fosse me colocar em troubles (apuro)! Comprado recentemente em uma liquidação, ele esta sendo útil em algumas entrevistas de emprego rs
Um belo dia com o resumé (cv) em mãos decidi explorar todos os restaurantes ao redor da English Bay (uma linda praia que fica a poucos minutos do Centro). Até que tive o azar de entrar em um Bistrô Indiano. Não tenho nada contra os indianos, mas sinto que eles me perseguem em todas as partes do mundo haha.
Diga-se de passagem o Bistrô era lindo, mas só me dei conta de onde estava entrando tarde demais. Eu li o nome; Indian Bistrô no meio do restaurante, dei 3 passos pra trás e pensei em escapar antes que alguém chegasse pra me atender mas.... não deu tempo. Logo veio o dono do restaurante me cumprimentando em alto e bom som! Com um sorriso no rosto me fez a pergunta que eu não esperava; "Uau! De que parte da Índia você é?" (Na maioria das vezes o Irã é o top 10 das perguntas, mas ultimamente devo estar parecendo uma indiana kkkk).
"No, no, I'm brazilian!". Expliquei que estava a procura de emprego, já com uma ponta de arrependimento. Ele me convidou para tomar um café que acabou virando chá! E vale dizer; o pior chá da minha vida! Eu nem queria sentar, mas não tive muita escolha. Ele devia ter uns 45 anos, me fez 100 perguntas sobre a minha vida, mais pessoal que profissional. Tava na cara que era uma furada, emprego que era bom nada. Apesar que, na altura do campeonato, eu nem queria mesmo um job!
Estava um lindo dia de sol e aquele chá quente e sem graça que lembrava bem aquela água meio acinzentada do arroz quando a gente lava. Deu pra ter uma ideia do apuro? E a xícara era do tamanho de um copo grande, só pra piorar minha situação.
Quando ele viu meu endereço no curriculo, disse que conhecia, afinal ele morava SÓ a 2 quadras da minha casa. Pense no azar! Preciso ter um fake resume para esses momentos embaraçosos, ne?
Conversa vai, conversa vem, me aparece cerca de 4 jovens indianos na mesa, próximos a minha idade. Pensei que essa fosse a hora de me livrar, só que não... Eram todos.. indianos, é claro! Fiquem em dúvida se eram filhos ou funcionários. Começaram a conversar e o dono só apontava pra mim. Como falavam em indiano obviamente não entendi nada rs Mas na minha tradução mental era; "Não me incomodem, estou conversando com ela. Não estão vendo?! Voltem para cozinha"! Hahah juro que parecia isso, quem vai saber?
A hora que mais temia veio minutos depois; "Você precisa praticar seu inglês, sabe disso ne? Deveria ter um namorado aqui!!!". Ok, 54 mil pessoas já me deram esse conselho, mas ele, com certeza, não seria o felizardo!
Enfim, tentei escapar como pude, desconversei, e por ultimo ele me perguntou; "Quais os seus planos pra amanha a noite?" Eu bem pensando que teria algum treinamento para o tal futuro e claro, ilusório job! Rs Quando ele disse; "Vem aqui por volta das 8h amanha e vamos jantar em algum restaurante da cidade!!!!" What????? Oh my goodness!!! Como sair de uma furada dessa? Foi difícil, ele me fez salvar o numero dele e no dia seguinte agradeci o convite do jantar por mensagem e Bye Bye. Ainda tentou me convidar mais duas vezes, mas nunca mais dei sinal de vida.
Sai do restaurante meio atordoada ainda, morrendo de vontade de rir da situação, porque quem me conhece já deve imaginar todas as caras e bocas que fiz e como entrar numa fria dessa é muito a minha cara! hahah
Para encerrar a noite, depois de todos os restaurantes visitados, um senhorzinho me parou na rua e me perguntou de onde eu era. Eu, toda sem graça, respondi que era do Brasil e ele disse bem alto; "Então tá explicado de onde vem tanta beleza"! haha E me encheu de elogios. Ai eu não aguentei, cai na risada. Porque eu já estava querendo rir desde o indiano e esse senhorzinho era muito vovô! haha Emprego mesmo, não consegui, mas ganhei boas histórias pra contar!

sábado, 24 de maio de 2014

Aquele da Neve

Não é tão comum nevar em Vancouver, mas acabei dando sorte (sem ironia) e vi a cidade ficar branquinha por quatro vezes! Por ser difícil descrever como as ruas ficam, decidi fazer um videozinho. Assim viajamos juntos! Enjoy it!

terça-feira, 20 de maio de 2014

Aquele do Feijão Árabe

Fassulha
Dia desses almoçando com dois irmãos árabes da escola eles me perguntaram sobre a comida mais comum no prato do brasileiro, sem dúvida; o arroz e o feijão! Curiosos para saber o que era esse tal de beans (feijão), fizeram uma busca na internet e logo o nome em árabe surgiu; fassulha. A parte engraçada e no mínimo estranha pra gente surgiu minutos depois... Eles disseram o quanto adoram o tal de beans e que comem quase todos os dias ... no CAFÉ DA MANHÃ!!! Isso mesmo! Quando ouvi isso apenas disse; "For breakfast???" Eles responderam; "Claro! Vocês não fazem o mesmo?" Quando contei que o nosso era servido no almoço ou na jantar eles fizeram exatamente a mesma cara que eu e você fizemos ao saber disso!! rsrs
A nossa culinária tem várias influências e a cada dia me surpreendo. Eu não era muito fã de repolho até experimentar um em um restaurante mediterrâneo com um toquezinho de leite de coco. O Cabbage simplesmente tem um sabor muito melhor.
Champorado
Eu adoro arroz doce, mas arroz doce de chocolate eu nunca tinha visto. Um dia a família filipina que me hospedou fez pra mim. O Champorado filipino é bem gostoso, mas acho que se fosse feito com os nossos ingredientes seria mais saboroso, porque apesar do leite condensado ele não fica doce como se imagina. Enfim, de todo jeito vale a pena experimentar!
São tantos hábitos diferentes, por exemplo, os asiáticos andam com uma garrafinha térmica pra cima e pra baixo com água quente ou pra misturar com o chá ou beber pura durante o dia. Outra coisa diferente é que não tem pizza doce aqui! (buaaaaaaaaaa). Nem horário de almoço longo. Normalmente os canadenses almoçam bem rápido, tem apenas o tempo necessário de comprar alguma coisa e levar pra viagem, nada de passar uma hora almoçando com as amigas e esperando a sobremesa (Imaginem, essa é a melhor parte do dia!).
Mesa de Natal
No meu natal, por exemplo, tinha uma mesa farta com comida de vários tipos, mas não tinha peru nem panetone! É a primeira vez que passo um Natal sem panetone e uvas na mesa. Os filipinos dão muito valor ao Natal. Eles fazem questão de cozinhar/comprar muita comida, porque na cultura deles quanto mais se come/ou se tem na mesa representa  mais "bênçãos" para o decorrer do ano.
Enfim, não tenho paladar tão apurado para experimentar sabores diferentes, mas pra quem gostar de fazer isso vai adorar conhecer todos os restaurantes que existem por aqui. Na próxima postagem vou falar de uma iguaria asiática que foi parar na mesa de um amigo, quero ver quem vai ter coragem de experimentar! rs

Aquele da Sabedoria Chinesa

Se tem uma cultura que é digna de admiração é a asiática! A lista de qualidade é bem longa; disciplina, persistência, competitividade, inteligência, etc. Eles são conhecidos por serem caladões, mas enquanto estão quietos a mente está trabalhando e quando menos se espera eles oferecem ideias brilhantes. Aliás até no silêncio deles aprendemos a como nos portar.
Eu tive a sorte de trabalhar com uma chinesa no meu primeiro trabalho aqui. No começo achei que era puro azar logo uma chinesa! (Olha o preconceito!) Acho que é porque quando vejo um chinês aqui logo lembro dos pasteleiros chineses em SP. Eles adoram falar mandarim/cantonês entre eles na frente dos clientes ( essa foto define bem a vontade que eu e meio mundo de gente adoraria fazer rs ). Mas hoje eu entendo perfeitamente o quanto é mais confortável falar a nossa língua materna.
Enfim, quando conheci a Linda a primeira coisa que fiz foi dizer o que significava em português o English name dela. Muito tímida, ela apenas deu um sorrisinho meio incrédulo, talvez imaginando que eu estivesse tentando agradá-la logo no meu primeiro dia! Ah, é muito comum os asiáticos adotarem um nome inglês devido a difícil pronúncia do nomes deles.
Linda é simplesmente uma das pessoas mais dispostas que já conheci na vida! Ela deve ter uns 50 anos, mas eu não faço ideia de onde vem tanta força. Eu preferia nem fazer as coisas perto dela, porque enquanto eu estava na primeira tarefa, ela já devia ter feito umas 20 iguais. E no final era eu quem me sentia mais velha, porque enquanto eu parava um segundo, ela logo me perguntava se eu estava cansada rs (Cansada? Quase morta já!, mas é claro que eu não podia demonstrar fraqueza rs).
Em nossos curtos diálogos Linda me ensinou algumas pérolas. Ela disse que na China os patrões não costumam dizer todas as atitudes que um funcionário deve ter, porque seria como se eles estivessem "putting money in your pocket" (colocando dinheiro no seu bolso). Esse provérbio chinês lembra todos os outros que já ouvimos.
Uma vez perguntei a ela como funciona a permissão para ter filhos na China, porque ela teve 3 no Canadá. Se fosse no país dela isso não aconteceria. Isso porque a China tem um sistema rigoroso para controlar o nascimento de crianças, é permitido apenas uma por família. No entanto, desde o finalzinho do ano passado a Política do Filho Único abriu uma exceção; agora casais podem ter dois filhos, contanto que um dos pais seja filho único. Para nós brasileiros isso parece muito estranho, mas essa regra impediu 400 milhões de nascimentos desde 1980! Se de alguma forma esse número fosse no Brasil provavelmente não teriam tantas pessoas em condições de rua, crianças com fome, famílias em total miséria, índice alto de jovens na criminalidade e por aí vai... Claro que poderia não ser tão radical, mas enfim ajudaria bastante.
O governo apoia os estudos para o filho único, mas o filho que "sem querer" nasceu a mais, esse já não tem direito. E quando o governo descobre que existe mais um, a família é obrigada a pagar uma multa de até 6 vezes a renda anual familiar.
Mesmo sem graça, acabei contando que no Brasil é bem comum famílias sem condições alguma continuarem a ter filhos. Percebi o ar de reprovação na mesma hora, então voltei ao assunto da China e insistente perguntei; "E se a família não tem como pagar a multa pela segunda criança?". Enfática, ela simplesmente me respondeu; "If you don't have money, don't have kids!" (Se não tem dinheiro,
então não tenha filhos). E não é que ela tem razão?

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Aquele do Atum Nosso de Cada Dia

Meu Super Kit
Atire a primeira pedra quem nunca jogou fora a comida da Homestay! Rs Eu já estava tão profissional que quando jogava nem deixava mais rastros rsrs Outra "técnica" que eu usava era dizer que estava cheia quando eu via alguma comida estranha na mesa, aí comia só um pinguinho pra não fazer desfeita e atacava meu estoque de pães e bolo no meu quarto! O quê? Vocês pensavam que eu ia dormir com fome??? Só enquanto eu ainda não conhecia as Delicias do SafeWay (um dos mercados mais caros por aqui, mas a padaria deles é a melhor de todas e nessa parte o preço vale a pena!). Comecei a estocar comida e também a detonar o Super Kit de passatempo, bis e outras "coisinhas" que a minha mãezinha tinha montado. E diga-se de passagem, eu o trouxe bem escondidinho no fundo da mala. Pena não ter durado tanto!
As opções de comida estavam cada vez mais limitadas. Optei por fazer um pacote com o almoço incluso (que arrependimento!). Todo dia era uma surpresa (na maioria das vezes ruim). Um dia a dona da casa mandava um frango cheio de pele, no outro uma carne de porco esquisita (odeio), e no outro alguma coisa provavelmente bem estranha...
Renata e o tal lanche

Ah, fora uma sopa de milho doce que tomei aqui.  Sim, o milho verde daqui é naturalmente doce. E um detalhe, quando você pensa em sopa de milho, você imagina ele batidinho, não uma espiga boiando na água ao lado de uma coxa de frango exatamente igual, ne? Ih, acho que agora dá pra ter ideia do que passei por aqui rs
Louca por uma luz no fim do túnel resolvi dizer que gostava de tuna (atum) e lá fui eu comer atum por quase 60 dias!!!! haha Era atum no macarrão, atum no sanduiche, na sopa e em tudo que você imaginar!!
Macarrão sem molho
E quando eu achava que a minha vida era difícil comecei a reparar as comidas que davam para as minhas amigas. Essa da foto é a Rê, ela estava hospedada na casa de uma chinesa. Eu tive que registrar o sanduiche um tanto estranho que ela ganhou de almoço. Outra amiga que sofreu muito com a comida foi a Raquel. Durante 3 meses ela comeu frango quase todos os dias na casa de uma família de indianos. Nesse dia da foto, por coincidência, ambas levamos macarrão. O meu estava encharcado de molho e quase sem macarrão, já o dela amarelão. Então resolvi colocar um molhozinho no dela hahha Claro que eu não podia deixar de registrar isso. Sabia que seria mais uma historia pra contar, mesmo não sendo nada boa. Uma coisa que aprendemos no dia a dia daqui é compartilhar. Na escola era um troca troca na hora do almoço. Como a gente dava azar com a nossa comida! Acho que essa era a hora mais triste por aqui.
Bom, eu adorava atum, mas depois dessa "longa dieta" não suporto nem o cheiro. Quem for meu amigo não me ofereça, hein? Rs

Aquele do Recado Canadense


No primeiro dia de aula o coordenador da escola reuniu os novos alunos para explicar as regras por aqui, entre elas, o horario! Ele logo perguntou se tinha algum brasileiro, fez um tom sarcastico e disse que o aviso era principalmente pra gente haha.
Isso me soou bem familiar já que uma semana antes eu passei um apuro daqueles. Como eu disse, eu não conhecia ninguém ainda, então decidi explorar a cidade sozinha. Tinha ganhado da agência de intercambio um bilhete do Big Bus (ônibus de turismo que apresenta os pontos da cidade), era a única alternativa pra não ficar em casa (chorando...).
Apesar dos 2 graus que fazia, acordei bemm cedo no dia e fui encarar o tal Big Bus. No ônibus só uma família de asiáticos e eu sem entender muita coisa que o motorista dizia. Bom, depois de quase meia hora rodando pela cidade fizemos a nossa primeira parada no Stanley Park (o terceiro maior parque da América do Norte). O Parque é realmente lindo, mas pense em um lugar gelado! O motorista nos deu 10 minutinhos pra olharmos e voltarmos para o Bus. Eu juro que tentei não me atrasar, me distrai gravando um videozinho, mas percebi que não conseguia falar direito, meu rosto parecia congelado hahah uma sensação muito estranha e engraçada. Nisso perdi um pouquinho de tempo e quando voltei, juro que não me atrasei mais de 2 minutos, cadê o ônibus e os asiáticos??? Eu não podia acreditar, mas fui deixada para trás!!! Por 2 minutos!!! A sorte que eu achei um ônibus comum e peguei uma carona ate o centro de novo. Nem preciso dizer que esse foi o passeio mais sem graça que fiz aqui, ne??
Era apenas o meu terceiro dia no país e rapidamente eu entendi o recado canadense; Não se atrase jamais!