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domingo, 31 de julho de 2016

Aquele do coração partido


(texto escrito em 06/06/15)

Eu voltei com o coração partido de Vancouver. Partido porque da mesma forma em que sentia falta da minha família aqui, também sentia falta da minha outra parte que eu tinha acabado de deixar para trás. Partido em saber que talvez nunca mais fosse reencontrar todas as pessoas que cruzaram o meu caminho por lá. E isso doía ainda mais.
E fiquei assim, sofrendo por meses. Sofrendo com a dor da partida. Irritada até mesmo com Deus por "ter me trazido de volta". Em silêncio comigo mesma. Em silêncio ao redor. Já tinham me dito que não era fácil voltar de um intercâmbio, mas só sabemos o que isso se significa quando chega a nossa vez. Ouvi outro dia de uma colega que a gente se prepara pra embarcar, mas nunca para voltar. É a pura verdade,
Estamos em maio e eu desisti da proposta de trabalho na Califórnia há 3 meses. Até então era a melhor coisa que havia me acontecido logo após a minha volta ao Brasil. Trabalhar, dessa vez, na minha área era a recompensa da via dolorosa, profissionalmente, que havia enfrentado no Canadá.
Eu já tinha dito sim ao emprego novo, mas algo precisou mudar naquele banheiro do hospital. Era uma daquelas "provas" disfarçadas de desafios que a vida nos envia e que a gente tem que tomar uma decisão imediata. O primeiro sinal de que algo estava errado. Mas não era comigo.
Eu precisava, a qualquer custo, descobrir o porquê de tudo isso. Quando eu colocava algo na cabeça muito raramente desistia. E eu queria mais do Canadá. Muito mais. Porém, por alguma razão maior não havia acontecido.

O feriado

A resposta veio de duas maneiras inesperadas. A primeira delas depois de um feriado prolongado, o qual batizei de "overdose de Vancouver", afinal, passei todos os 3 dias com amigas que moraram e trabalharam comigo lá, só para intensificar a nossa nostalgia.
As perguntas que não saiam da minha cabeça eram aquelas do tipo; "Por que não conheci ninguém por lá?" ou "por que nao arranjei um trabalho melhor para que pudesse fazer um college e estender meu visto?", coisas desse tipo.
Eu já tinha tentado encontrar essas respostas em desabafos com amigos, em ombros alheios e no menor sinal das entrelinhas e nada.
Até que no último dia do feriado acordei às 5h da manhã sem sono algum. Eu precisava orar. Era como se Deus tivesse me chamado para uma conversa séria na sala (meu cantinho). Levantei em silêncio e com a minha Bíblia na mão dobrei os meus joelhos. Logo depois da oração, abri a Bíblia e fiquei imóvel diante do que li. De repente, tive a sensação de que Deus estava sentado bem ao meu lado, me entregando todas as respostas que eu tanto procurei. E li:
"O Senhor FEZ todas as coisas para DETERMINADOS fins... Há caminho que parece direito ao homem, mas ao final são caminho de morte.... A sorte se lança no regaço, mas DO SENHOR procede TODA decisão" (Pv 16:4,25,33)
A cada vesículo, uma lágrima. Deus estava ali comigo, naquele canto da sala. Como um pai, paciente, ao lado da filha. Meu coração e a minha alma estavam em pranto, mas era algo mais relacionado à alegria do que qualquer outra coisa. Eu sentia vergonha de todos os pensamentos que tive e de todos os questionamentos.
O que aprendi foi que Deus tinha (e tem) todo o poder para fazer o que quisesse na minha vida. Se quisesse me dar um "marido canadense", teria me dado. Se quisesse me dar o melhor emprego, teria feito. Se quisesse que eu prosperasse, não teria me negado. Mas os planos DELE eram outros, bem diferentes dos meus. E eu só entendi tudo isso 11 dias depois.

A resposta

De repente, tudo o que eu havia me perguntado naqueles 5 meses de retorno começavam a fazer algum sentido. Meu coração transbordou de alívio como eu não sentia há alguns meses.
Exatos onze dias depois meu pai foi diagnosticado com um tumor na cabeça e uma cirurgia de urgência teria de ser feita. (Eu tinha desistido da California ao levá-lo a um pronto atendimento 4 meses antes, um dos sinais de que ele precisava de cuidados).
Dezenove dias depois ele foi operado e todas as respostas que eu precisava estavam bem diante do meu nariz. Aliás, se é que eu ainda precisava de algum motivo pra entender o por que eu havia voltado depois de 1 ano longe de casa.
Eu já sabia que havia feito a escolha certa. Como nunca, a minha família precisava de mim. Mas ver o sorriso do meu pai seguido de um "muito obrigado por ter voltado, filha" logo após a cirurgia compensou qualquer conquista internacional.
Três meses depois veio a segunda cirurgia. Apenas 30% do tumor havia sido retirado no primeiro procedimento. E lá estávamos  nós reunidos para a outra internação. Embora o procedimento fosse mais delicado, o nosso futuro estava nas mãos de Deus. E graças a Ele outra vitória.
Decidi nomear esse episódio da minha vida como o "Dia da Cura". Afinal, não foi apenas meu pai quem ficou curado, mas o meu pequeno e confuso coração. 

P.S. Se você chegou até o final dessa postagem e o seu coração está como o meu estava, confie em Deus. A resposta que você tanto quer só pode vir dEle. Esteja sensível para ouvir Sua voz e compreender Seus sinais. Lembre-se sempre que a resposta final dEle é a melhor de todas!


terça-feira, 23 de junho de 2015

Aquele que as concorrentes falavam inglês desde criança

Não tem como não se sentir um "idiota" algumas vezes quando estamos aprendendo um novo idioma. É natural. Muita gente já passou por isso e comigo não foi diferente. Eu estava há quase 4 meses em Vancouver e não parava de procurar emprego. O inglês ainda não estava lá essas coisas, mas.... tinha que encarar. E para me animar um pouco mais, ouvi dizer, nas aulas de preparação de curriculo, que conseguir pelo menos uma entrevista era tão difícil quanto o emprego em si. Ó céus! Mas eu não desisti, com a minha pastinha na mão rodei aquela cidade. E o meu dia de "sorte" foi num shopping pertinho de casa, o Metrotown. 
Ousadamente fui em algumas lojas de grife; Michael Kors, Tommy Hilfiger, Guess, Zara, entre outras. E quando entrei no ônibus, na volta do shopping, o meu celular tocou inesperadamente. Era da Michael Kors. Michael Kors, eu falei! Era um convite para uma entrevista no dia seguinte. Nem acreditei que pelo menos a entrevista aconteceria.
Maquiagem ok, cabelo ok, roupa ok. Eu tinha estudado toda a história da loja e aprendido tudo o que era tendência na última noite. Sim, eu achei que estivesse pronta. Mas não contei com um detalhe.

Minutos antes da entrevista (não sabia que seria em grupo) vi um aglomerado de meninas na porta da loja e meu coração gelou um pouquinho. Em termos de "beleza" estava todo mundo na média. Mas toda a minha segurança desabou quando a entrevistadora começou a fazer perguntas e as garotas começaram meio que disputar quem responderia primeiro. Elas respondiam tudo muito rápido com um inglês impecável, mesmo que algumas aparentassem ser de outras nacionalidades, com certeza haviam crescido ou nascido no Canadá. Ou seja, falavam inglês desde sempre. Eu pensei comigo mesmo; "Como disputar com essa turma, meu Deus?!". 
Eu entrei em pânico quando chegou a minha vez de responder. Eu entendia todas as perguntas e sabia as respostas sobre tendência, histórico da loja, etc, e não deixei nenhuma pergunta sem resposta, mesmo a "meu modo", mas obviamente não conseguia explicar perfeitamente. Eu ouvia a minha voz e me sentia no prézinho respondendo. Que idiota hahah 
Bom, o emprego eu não consegui, como você já podia imaginar. Mas descobri que o Michael Kors mora em Montreal e faz questão de conhecer cada nova vendedora, pelo menos por Skype. Ele também tem o hábito de visitar lojas e conversar pessoalmente com as clientes para saber o que estão achando das criações dele e o que poderia mudar. Eu quase o conheci se soubesse falar inglês como "gente grande" haha mas como não aconteceu, fico feliz por compartilhar essa história aqui. Foi uma experiência estranha, difícil e engraçada e virou um episódio ..."aquele que as concorrentes falavam inglês desde criança". Se tivessem me perguntado em Português eu teria "arrasado" rs. Que azar o meu!

sábado, 28 de março de 2015

Aquele das Russas e as novelas da Globo

Logo de "O Clone" em russo
Eu nunca imaginei que fosse conhecer algum russo na vida. Pelo menos nunca encontrei nenhum no Brasil. Porém consegui conhecer até iranianos e árabes, então depois deles, qualquer nacionalidade seria fichinha rs
Bom, tive sorte de me tornar amiga de uma quando trabalhei em um hotel de Vancouver. A Kate, essa ruiva linda e especial da foto abaixo, é uma daquelas pessoas doce e esforçadíssimas, que você logo passa admirar. Nos divertíamos muitíssimo trabalhando juntas. Pense em alguém com o inglês, sendo a segunda língua, impecável, praticamente não tinha sotaque.
Neste dia da foto da praia, ela estava com uma amiga russa também e fiquei surpresa quando elas me disseram que são apaixonadas pelas novelas do Brasil. Pasmem, mas "O Clone" (2001) é umas novelas brasileiras de maior sucesso na Rússia. Ela e "Mulheres de Areia" já foram reprisadas diversas vezes. A classificação da novela é a partir dos 16 anos e passava às 19:30. O mais curioso foi ouvir as russas cantando em um português incompreensível a trilha sonora de "O Clone". Que arraso!  Elas também não paravam de contar detalhes de vários capítulos, que eu nem lembrava mais.
De acordo com o blog Mídia Interessante, as novelas já pararam até guerra e mudou reuniões de política na Rússia que daria bem no último capítulo. "O Clone" já foi exportado para mais de 80 países, aumentando assim a fama da teledramaturgia da Globo.
Eu juro que não fazia a menor ideia. E até senti um baita orgulho do Brasil rs 
Contei a história para o meu chefe turco e ele disse que na Turquia também já acompanhou várias novelas brasileiras e que os turcos também adoram. Demais!
Acabei encontrando em um blog uma chamada de "O Clone" em russo, É bem engraçado ouvir a dublagem da Jade. Neste canal do youtube dá para assistir também vários capítulos em russo. Tinha que compartilhar com vocês: 

"

Aquele da Saudade


Já se passaram quase 4 meses que tomei umas das decisões mais difíceis da minha vida: voltar de Vancouver. Sim, confesso que a minha ida foi exatamente do mesmo jeito. Chorei o vôo inteirinho, incluindo o de conexão, tempo de espera entre um vôo e outro nos Estados Unidos. Eu mal conseguia falar com a minha família, quando liguei de Chicago. Com a voz embargada fingi para os meus pais que eu tinha feito uma viagem ótima. Foi difícil pegar o táxi sozinha do aeroporto e ir para a casa de estranhos. Mais estranho ainda me sentar com eles na mesa e começar a chorar na minha primeira refeição. Eu tinha certeza que eu não iria conseguir ficar longe da minha família.
Mas confesso que Deus, o tempo, a cidade e todas as experiências maravilhosas que tive me fizeram aguentar firme e superar muito mais do que podia imaginar.
Eu já tinha ouvido falar que não era fácil se adaptar no país de origem depois de um intercâmbio. Eu não tinha ideia de como seria isso, mas vou ser honesta e dizer que dói muito. Dói, porque 1 ano longe te faz criar muitos e muitos vínculos. Te faz entrar em uma nova vida e assumir uma nova rotina.É engraçado que eu vivo encontrando pessoas na rua que me lembram algum cliente dos lugares que trabalhei ou até mesmo amigos de lá, eu tento olhar bem o rosto para ter certeza de que é apenas a minha imaginação.

Eu não tive só dias de flores em Vancouver. Não. Eu chorei muito lá. Tive trabalhos que, mesmo sendo honestos, eu odiei, mas precisei não olhar para isso se queria mesmo continuar no país. Chorei também muitas e muitas vezes no caminho entre a minha casa nova e a estação de trem, enquanto seguia cedo para a escola. Chorei nas aulas que tínhamos que falar sobre a nossa família. E chorei mais dezenas de vezes no Skype. Realmente, não foi fácil.

Quando comecei a trabalhar conheci uma porção de gente querida. E a cada novo trabalho, mais um novo nome na agenda do celular. A cada ida a uma aula, um novo rosto no meu facebook. E eu fazia amizade até quando ia fazer compras. Mas amizade mesmo, de combinar e sair outras vezes para um café. Eu sinto falta de coisas muito simples. Saudade de andar na praia sozinha e também rodeada de gente depois do trabalho. Saudade de correr para não perder o trem. Saudade de ir ao mercado e depois voltar a pé para casa, pensando na vida. Saudade de pegar um chocolate quente do Tim Hortons. Saudade de andar de bike no Stanley Park. Saudade de faltar a aula no fim da tarde e comer no IHOP. Saudade de conversar com gente de tudo quanto é canto do mundo. Saudade de conhecer lugares parecidos a cenários de filme. Saudade de colocar o fone de ouvido no último volume e andar pela Main. Saudade de descer a Granville e também de ir ao Fly Over só para ter a sensação de viajar o país inteiro em uma sessão de 20 minutos. Saudade de caminhar no Canadá Place e viajar no tempo como no meu segundo dia na cidade. Saudade do anoitecer. Saudade do voley até as 10h da noite na Kitsilano Beach. Saudade da cidade colorida e também em preto e branco.

Saudade das minhas saudades. Saudade de pensar que tudo parecia um sonho. Eu caminhava sem acreditar que tinha conseguido fazer a viagem. Pela primeira vez na vida senti orgulho das minhas escolhas, mais do que qualquer outra. Que saudade do meu Canadá. Eu me apaixonei por lá, já está gravado no meu coração. Vancouver me fez me sentir viva como nenhum outro lugar. Me fez acreditar nos meus sonhos e viajar nas minhas mais doces lembranças. E acredito que agora, mesmo com o coração cheio de saudade, é o que ainda mantém a chama acesa para os meus sonhos. Para continuar intensamente a caminhada em busca do novo, do desafio de coisas imensuráveis. Obrigada, Canadá!

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Aquele dos "pobres" árabes #SQN

Se tem uma coisa que árabe tem (além de muitas outras rs) que eu não tenho é DINHEIRO! E sequer posso comparar o meu humilde bolso com esse povo do Middle East. Falando sério, eles tem muitoooooo dinheiro! Eles não vem para o Canada para fazer um cursinho de inglês. Não! Eles vem para fazer "o curso", o college, a universidade, a pós, o doutorado. Sim, eles vem para passar uma vida estudando. E a distância da família não é problema algum. Eles podem visitá-los tranquilamente a cada 6 meses, nas ferias escolares.
Eu andei pesquisando o preço das passagens até o Oriente Médio. A bagatela sai quase 2 mil dólares. Mas, como falei, dinheiro tem de sobra. Tão de sobra que, além de eles ja terem suas fortunas - patrocinadas pelos pais - o governo saudita ainda dá um bom incentivo financeiro para seus pupilos estudarem no exterior. Sim, é muito grana. E é óbvio que eles não precisam trabalhar nem pegam permissão para isso.
Você que está lendo esta postagem pode até ser rico, mas duvido muito que seja como um árabe! A gente costumava brincar que eles tinham petróleo no quintal de casa e eles só riam. Eu ainda tenho minhas dúvidas, mas ok.
Alguns dos Mohammads que conheci gostavam de ostentar, outros eram mais modestos. Um era tão simples que usava quase a mesma roupa forever. Um outro só queria ir nos restaurantes mais tops de Vancouver. Quanto eu, nos "Mcs" da vida. Omigod!
Mas esse que era "simples" tem uma casa com 20 quartos na Árabia Saudita. Sim, escrevi 20, mas talvez nem tenha contado com os quartos dos empregados. Não. Muito provavelmente os empregados deveriam ter uma casa só pra eles. Era gente na familia que nao acabava mais. A casa comportava todos os irmaos dele por parte das duas esposas do pai. Sim, além de milionario ainda tinha 2 mulheres hahah
Outro árabe que conheci na praia me contou que viajou para Rocky Mountains (um passeio sensacional para algumas das mais bonitas montanhas da Columbia Britânica) três vezes em menos de 1 ano. Só porque ele queria ver as montanhas em diferentes estações do ano. Quanto eu, fiquei 1 ano no Canadá e a grana não sobrou para tal viagem. E olha que eu trabalhei.
Vida de árabe é bem dificil. Conheci uma arabe que tinha uma cara de brasileira, diga se de passagem, todo mundo perguntava. Mas só cara, pense numa bichinha rica. Ela morava num apartamento com as primas atras da escola, num dos pontos mais caros da cidade e com uma vista invejavel. Ah, ela morava com as primas e tinha vindo com um primo. Mulheres arabes nao podem viajar e morar tao soltas assim.Outra coisa que sauditas não podem fazer é dirigir. Embora não exista nenhuma lei na Árabia Saudita que as proibam, definitivamente, o volante não as pertencem. Até achei um vídeo gravado por um próprio árabe cantando o lamento da mulherada: "No woman, no drive" (Não mulheres, não dirijam!).
Mas, pensa comigo, quem quer saber de dirigir quando se pode bancar motorista particular pra cima e pra baixo? Além dos homens fazerem questão disso, o combustível é vendido a preço de banana. Ah, eu não ligaria mesmo.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Aquele da "Rede de Prostituição"

O título pode parecer estranho, mas a culpa é das novelas (da Globo rs) que faz muita gente acreditar que qualquer proposta de trabalho no Exterior pode ser para se prostituir haha Quem ai já comentou com os pais que gostaria de estudar fora e eles ficaram bem desconfiados? 
Photo Credit: JONETSU photography
Brasileiro sempre vai desconfiar de qualquer intenção boa demais pra ser verdade! Comigo aqui não foi diferente. No meu primeiro trabalho conheci uma garçonete européia, muito bonita, diga-se de passagem. Cabelos longos pretos e um olhão azul que até nos intimidava com o jeito dela rs Embora nao aparentasse devia ter uns 40 anos. No nosso primeiro contato ja ganhei um elogio e a curiosidade de qual país eu era. Depois outras perguntas vieram sobre porque eu trabalhava lá, se eu precisava de mais um emprego, etc. Até que um dia ela disse que eu era muito bonita (nem tanto rs) e que deveria trabalhar na agência dela. Ih esse negócio de agência dá logo medo. O pior era o jeito que ela falava com um ar de mistério. Entao tive a certeza que se tratava de uma "Rede de Prostituição" em Vancouver! hahah Os canadenses que me perdoem por tal pensamento, mas não tem como pensar em algo diferente, sendo eu uma típica brasileira.
E para aumentar a minha desconfiança, a européia sempre me falava de um tal treinamento que nunca acontecia. Eu queria meio que "pagar pra ver". Com o meu faro jornalístico tinha certeza que descobriria "um furo" em breve rs
Um dia o tal treinamento aconteceu. E para minha surpresa fui treinada no hotel mais caro de Vancouver por um grande mestre. Quando vi aonde estava, me senti tão privilegiada e ao mesmo tempo, envergonhada por um pensamento tão ... "brasileiro". 
É óbvio que eu não podia perder a chance e perguntar para a européia quanto eu teria que pagar pelo treinamento. Afinal, sai maravilhada com a aula de etiqueta que tive. Mas ela me disse que era totalmente free. Então, tentei explicar que no meu país, a gente desconfiaria de coisas assim. Pacientemente e com muita simpatia, ela apenas respondeu; "It's Vancouver, man'am"! (Isso é Vancouver, madame!). E é mesmo. Ainda bem que Canadá não é Brasil!

Aquele do "Yes, I do speak Farsi"


Nunca me senti tão iraniana na vida desde que cheguei à Vancouver. Sim, a cada novo contato a pergunta seguida de confirmação é a mesma: "Você é iraniana, né?". E quando não é a pergunta é a sensação de que todos ao meu redor realmente acham que sou iraniana. E porquê tenho esse feeling? Bom, ganho um sorriso todas as vezes que vou ao shopping e encontro alguém com burca ou sem e que é do Irã, Tipo: "Oi, conterrânea!" rs Até o pai do meu chefe, que é iraniano, se confundiu e fez a tão esperada pergunta. Como o meu chefe turco também fala farsi já ouvi alguns clientes perguntarem a ele se também sou iraniana. Oh gosh! Ah, teve um dia que sai com uma senhora iraniana e durante o nosso café conversamos sobre assuntos que eu não estava tão familiarizada ainda em inglês. Então foi um pouco difícil a nossa conversa. Até que um senhor canadense da mesa ao lado reconheceu o sotaque dela e começou a dizer que já tinha visitado muito o Oriente Médio. Depois ele disse que sem querer tinha ouvido a nossa conversa e estava curioso pra perguntar porque a gente não estava falando em farsi. Já que aparentemente seria mais fácil. Pois é, realmente seria, se eu soubesse o tal idioma.

Enfim, mas o episódio que marcou mesmo foi um dia na rua pedindo informação. Eu tinha um hábito terrível de responder com "yes" tudo que eu nao entendia em inglês. Era uma maneira de dizer que eu estava entendendo tudo. O problema foi que abordei um iraniano para me ajudar a chegar a um endereço. No meio da informação, ele soltou; "Are you persian?". Eu nao entendi que isso significava "Você é persa/iraniana?". Então, logo disparei o meu YESSSS! E pra piorar eu estava usando um lenço bem Midle East. Ele até me elogiou e repentinamente mudou o idioma, começou a me dar as informações em FARSI! Oh, my goodness. Totalmente minha culpa! Até então não tinha entendido, mas de repente vi que o meu entendimento de inglês estava péssimo. Óbvio, quem estava falando inglês ali? Foi então que percebi o meu mistake (erro) e desesperada por uma "Tecla Sap", o avisei que tinha confundido a pergunta dele e tudo voltou ao normal, ou melhor, ao inglês. Bom, o meu conselho é: Nunca diga YES sem ter certeza do que está afirmando rs.